Ciclos (um cantinho na minha mala)
"Que o novo ano te traga clareza nas decisões que tens que tomar". Foi com esta frase que me despedi de Lisboa. O amigo P., companheiro mais velho e experiente nas lides da vida, assim mo disse do alto dos seus 42 anos. Assim desejo. Faço a mala com o indispensável para três dias naquela casinha branca de molduras amarelas junto ao mar. 3 dias com aquelas pessoas tão especiais que se me entranharam na existência há anos atrás para não mais partirem. Entre a roupa, o calçado e dois livros guardo um espaço especial. É para a riqueza que transporto comigo. A riqueza do teu sorriso, das tuas palavras. São tão reais que o coração não chega: têm que ter um espaço na mala. Perdoa-me se vou e porque vou. Sabes que és a ausência sentida e de todas a menos merecida. Ausência meditada. Numa praia do Sul. Todos estarão aos saltos entre música, abraços e telefonemas. Eu estarei contigo ali, de corpo gelado pelo toque do mar. Os lábios rezando o teu nome, feito noviço que enverga o hábito branco imposto pela lua. Sabes que parto frágil. Sabes que regressarei forte (assim o espero). Forte e determinado. A dar-te mais do que um cantinho na minha mala.