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domingo, janeiro 20, 2008

O (des)dobrar do ser


Tenho medo. Não há ritmo, corpo ou beijo que mo tire. Os dias seguem-se e é suposto eu dizer se quero que eles sigam junto a ti. Há dois anos atrás dobraram-me a vida e arrumaram-na numa arca de madeira tosca onde ela foi sofrendo o desgaste do tempo e da humidade. Então, numa tarde de sol, abri a janela das águas-furtadas e senti o apelo vindo das bandas do mar. Descerrei a arca e desdobrei aquela vida amarrotada. Estendi-a ao sol, onde as pétalas soltas das tardes loucas de primavera a iam beijar, bailando ao compasso de uma brisa morna. E isto era tudo. Eu e a vida. Até que apareceste tu e eu já não sei.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

E um dia soube que nunca virias


Descer a esta praia foi uma reacção que se prolongou por demasiado tempo e eu estou cansado de reagir. Foram tantas vezes. Desci, guiado pelas asas de mil gaivotas, e entreguei o meu corpo ao vento que o arrebatou entre espasmos e urros. Este corpo que nunca mais foi teu. As ondas murmuraram-me os dias, poemas e paisagens. Alguns amigos. Foram tantas as vezes e em nenhuma delas foste tu. Continuei a descer e em cada descida uma esperança. Via a beleza desta praia e ia mais longe. Conhecia da beleza para lá do que aqui existe. Contemplei tanto, tanto, sem que em nenhuma dessas vezes te chegasse a ver, pois tu nunca vieste cá ter. A reacção deixou de ser o meu viver e eu não quero mais reagir. Sigo entregue. A um qualquer murmúrio que me leve.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

quotidiana mente


Olhavam e não percebiam...


E eles lá iam, construindo amor entre as prateleiras das mercearias, a escova do cabelo arrumada na gaveta e o balde com água quente e detergente para lavar o chão. Era um amor bonito, que tinha a sonoridade de um bocejo ao abrir a cama e o aroma do refogado para os bifes do jantar.


Olhavam e não percebiam...


Não viam que o amor se faz e não se fala. Que ambos os copos se enchiam de um tinto maduro e que a cadela se aninhava a seus pés. Que o amor se fazia entre camisas, saias ou gravatas, vaporizado pelo ferro de engomar e pela ternura de um corpo entregue ao abraço de sempre, mas sempre tão especial.


Olhavam na esperança de perceber...


(imagem: "After making love", Britto)

quinta-feira, janeiro 03, 2008

simples


No Inverno vestiste o Alentejo de neve apenas para me veres rir com a surpresa dos porcos pretos. Na Primavera estendeste macios tapetes de flores amarelas pela planície fora onde nos deitámos a fazer amor e no Verão cobriste todas as casas com as mais alvas cores de onde emergiam aquelas barras azuis que sempre me lembraram o mar. Mais tarde, com o Outono, acendeste a lareira dos sonhos que ficariam embrulhados no mais aconchegante cobertor durante o novo Inverno que se aproximava. E eu deixei-me fluir pela ampulheta desses dias. Tu não sabes e eu também não o esperava. Mas quando a ampulheta finalmente parou fiz-me Além Tejo. Onde a planície se tornou vida nova.
(fotografia por Rui Santos)

Air - Bach