Even when I die (having the time of my life)

Não me lembro de alguma vez te ter escrito alcoolizado. Escrevo-te hoje. O jantar entre sorrisos à beira-rio e uma reserva de tinto. Com velas e risotto. Escrevo-te uma pista de dança e os copos a transbordar de um alívio transparente. A música e a alma que se entrega à cadência dos ritmos. A carne morena semi-descoberta ornamentada de branco ou cores ou arroubos. Escrevo-te o toque dos lábios nos ouvidos que sussurram nadas e água fria que arremesso à cara, já incapaz de me tirar deste torpor. A noite desenha o enlevo da tua presença num vento frio que se levanta do Tejo e és o copo que tenho na mão, cujo conteúdo sorvo com inefável devoção. Despeço-me de todos e saio. A música continua e eu danço sozinho na rua. Rasgo o númeno e alcanço-me a mim próprio e ao amor porque afinal Deus não está morto. E até pode ser que assim falasse Zaratustra.