16 de Julho de 2009 (a minha agenda)
Chegou a noite quando sabíamos que iria chegar. Os corpos procuraram-se automaticamente e com naturalidade, naquele crepitar de tendões que sempre caracterizou os seu encontros. A lua não se moveu nem houve nenhuma hecatombe que pudesse adiar a partida. Tudo decorreu da forma mais esperada e previsível. E ainda assim doeu tanto. Colocar os lençóis na máquina de lavar pela manhã. Pousar os pratos na mesa para o pequeno-almoço. Recolher a carteira e as chaves e, de seguida, fechar a porta. Cada gesto. O beijo. Sela uma despedida que eu nem sei se é despedida nem sei se quero saber se é despedida este gesto que sabe a mais uma despedida. É uma partida. A tua e a minha. E a do destino, sobre nós. "Estás sempre de partida," dizia-me ela. Um dia. Como outro qualquer. Esperado e previsível. E assinalado no calendário com a antecipação devida.
(Fotografia por Lisa Koonts)
4 murmúrios:
Compreendo bem, muito bem as tuas palavras. Nunca estamos preparados para certas despedidas. Podemos sabê-las reais, tocáveis até, mas na hora da despedida não sabemos evitar aquele inferno todo que nos vem à boca.
bjs...
Despedidas, sejam elas de que tipo for, quantas menos, melhor...
Abraço.
......
Não gosto de despedidas :(
Não gosto do ritual de partida quando se deixa para trás o calor de um corpo amado.
Não gosto mesmo nada.
Um beijo doce Luís.
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