POUCO

Hoje torno-me mais eu, Luís, pequeno perante esta enorme massa azul que me vem salivando os pés. Hoje torno-me mais eu e mesmo assim é tão pouco. E mesmo assim há beijos para serem dados, requerimentos a serem redigidos, vinhos a serem bebidos e tristezas a serem gemidas. Há casamentos a aplaudir, roupas novas a vestir e outras carnes a serem tocadas. Mais para a frente um caixão a preencher. E mesmo assim é tudo tão pouco. O cheiro a espuma apenas. Não é engraçado como por vezes um cheiro pode ser tudo? Mesmo comparado com o resto. Que sempre me cansou e que será sempre tão pouco.