O segredo

Só tu sabes que a planície de água que se estende para além do olhar é a minha cama. O meu refúgio destas lutas. Só tu me vês mergulhar e descobres em cada mergulho o encontro com aquele eu que nunca fui, porque quando mergulhamos entramos num universo que não existe. E como mergulhando me encontro comigo mesmo, só tu sabes que a verdade é que nunca existi. E se eu nunca existi e tu partiste então este texto não tem razão de ser. Nem a voz, nem o gesto, nem o mundo, todos tão estranhos a este mar de mim.
(Imagem: "Mulher mergulhando na água", por Paul Cezanne)