<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d31896494\x26blogName\x3dO+Murm%C3%BArio+das+Ondas\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://luisgrodrigues.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://luisgrodrigues.blogspot.com/\x26vt\x3d6077318278056400174', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

terça-feira, maio 06, 2008

quia amo


São oito da noite e tu não chegas. Continuo sentado à beira-rio enquanto lá em cima, na vila, a cal se despede do sol que só voltará amanhã. O ar tépido beija-me a pele e o silêncio veste-se das pequenas intermitências de uma rã que salta para o rio ou de dois patos que recolhem à margem. São anos de cartas que trago na mão embrulhadas por um cordel velho. Eu, que quis gritar a liberdade, prendo agora a minha vida com um cordel... Uma das cegonhas desce do cimo da torre e paira sobre o rio, voando rente à água e cruzando-me a vista por duas vezes. A tarde cheira a feno e a águas mansas. Tu não chegas e eu começo a temer que não me dês a oportunidade de te oferecer a minha vida assim, amarrada com um cordel. É feita de papéis amarelecidos mas escritos com tanto amor. O Guadiana sopra baixinho murmúrios de amores passados e a tarde abraça-me com ternura. Não sei se vens. Também não sei se te devo entregar estas cartas. A quem interessam as epístolas de um advogado de 26 anos? Levanto-me e deixo que o sol se recolha no Guadiana em privacidade. O meu corpo é demasiado profano para aqui continuar presente. Se chegares já não me encontrarás. E se não me encontrares é porque já chegaste tarde. As cartas ficam. Não esperam por ti sentadas à beira-rio. Antes se dissolvem nas águas mansas entre farrapos do crepúsculo.
(Fotografia: Luís Rodrigues)

9 murmúrios:

Blogger Maria murmurou...

Muito bonito, Luís. Lia-te e adivinhava-te no Alentejo... a cal, as cegonhas....
Provavelmente é melhor que as cartas se dissolvam, mesmo...

Um beijo

3:20 da manhã  
Blogger João Roque murmurou...

Nada melhor que um rio para dissolver esse tipo de cartas, devagar, como se pretende que se dissolva a imagem da pessoa em causa.
Abraço.

8:25 da manhã  
Anonymous Anónimo murmurou...

"O esquecimento é mais sublime que o perdão." (de Thomas Carlyle)

2:50 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

Linda, essa tua foto de um entardecer em Mértola (é Mértola, certo?)...

O cenário perfeito para a candura das tuas palavras.

7:38 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

Quando partimos o cordel e já não conseguimos manter as nossas cartas juntas,,,, começamos a sentir a sensação de que estamos perdidos,,, lentamente,,

11:09 da tarde  
Blogger Ana Prado murmurou...

Meu querido amigo, como calcularás visito a tua casa desde há muito. Continuei a fazê-lo ao longo deste afastamento. Quando tornei, passei por cá a dizer-to, no entanto, não terás reparado e eu achei por bem manter o silêncio, lendo-te apenas. Fiquei muito contente por me teres achado, logo quando não estava perdida:)

Em Mértola (é Mértola, certo??)ouve-se, suspenso e difuso, o suspiro de tempos antigos. É ali o sítio ideal para nos despojarmos do passado, porque ficará guardado na paisagem, libertando-nos. Fiz isso há relativamente pouco tempo. Curiosamente também com cartas amarelecidas.
Um grande abraço, meu amigo. Avistar-nos-emos sempre algures, como se em nós habitasse uma voz irmã que nos impele ao encontro.

5:46 da tarde  
Blogger Cleopatra murmurou...

O teu texto foi parar ao Cleopatramoon.
BJ

2:07 da manhã  
Blogger OdonoDakelCeu murmurou...

Saudades de quando acordava, e era essa a paisagem que sempre via...

5:42 da manhã  
Blogger rascunhos murmurou...

Excelente momento...

bj

5:11 da tarde  

Enviar um comentário

:: INÍCIO :: O Murmúrio das Ondas ::


Air - Bach