Esperas por mim?
Era um menino tonto que nunca soube muito bem o que fazer ou para onde ir. Naquela noite, enquanto caminhava na Rua da Junqueira, viu os carris do eléctrico. Continuou a caminhar pelo passeio, numa vida paralela àqueles trilhos. A rua era tão longa e o céu estava tão escuro... uma pele negra que se lhe grudava e o fez sentir a noite mais noite de todas as noites. E a lua branca mas lá tão longe (avó, gostava tanto de abraçar a lua). Percebeu que naquela noite tão noite só ele caminhava naquele passeio (quem mais caminharia sozinho assim pela noite?) e que entre pedras, betão e um rio que não conseguia ver, nunca soube se o caminho afinal seria o seu. Apenas os carris. Nenhum eléctrico que o levasse. E os carris brilhando na noite. Uma lua reflectida nos trilhos metálicos. Avó eu não posso abraçar a lua. Mas hoje vou deixar o passeio e caminhar sobre ela. Nestes carris cheios de luz.
6 murmúrios:
Espectacular, Luís. Muito bonito. Tudo.
Beijos.
Sublime fotografia a que as tuas palavras revelam.
Luís, os teus textos são uma verdadeira delícia.
Amei a foto.
Esse menino sabe o caminho...
Esse menino, de tonto não tem nada. Pelo contrário, é um menino encantador e sabe muito bem qual o caminho a trilhar.
Fantástico post, Luís....
Os trilhos levam-nos onde nós quisermos...
Beijo
Como sempre, um texto lindo (gostei muito da "colagem" à Estrela da Tarde, do Ary) e uma foto soberba, que me faz perguntar se não escreverás os textos inspirados nas fotos, ou se ao invés tens um apurado trabalho de pesquisa para documentares sempre bem os textos; espero que me respondas de viva voz em 19 de Abril (ver meu post de hoje).
Abraço.
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