Do tempo em que os homens comiam os sonhos
As praias continuam vazias, sacudidas por vendavais constantes que as arrebatam da presença humana e as planícies escondem pardais e tordos e um ou outro sobreiro salpicado na áurea tela do teu Alentejo. Abandono locais inóspitos e aventuro-me pelas vilas de cal que agonizam porque também elas são arrebatadas da presença humana por ventos mais fortes que os que fustigam a costa. Procuro a curandeira de um tempo de mitos e sonhos que me pensou a alma e afagou o penar do que fui antes de ser homem concreto. Portadas fechadas e o chafariz seco. Além Tejo resta apenas uma candeia gasta sem o azeite dos teus sonhos e do teu verbo para alumiar as trevas do Homem. As tuas folhas fizeram-se pó que foi amassado com água e fermentado no pão que alimentou o espírito seco dos que estão sós, mas já ninguém encontra o teu verbo. Além Tejo vestiu-se de solidão e abandono porque o teu sonho já não nos alimenta. Desce a última tarde e eu não te encontro Ana Prado.
(Fotografia: "Castelo de Silves", por Ana Prado)
5 murmúrios:
Ai as fotos que tu escolhes...como se não bastassem as palavras...
Como sempre mergulhamos no sentir das palavras.
Lá na minha moon um poema teu. BJ
Desce a última tarde e eu não te encontro Ana Prado.
descem tardes e tardes e gente boa por descobrie, outras tantas tardes e tardes e gente que se dispensava de se encontrar.
A Cleo tem razão. Aqui escrevesse bem.
Aqui estou, querido amigo.E com uma emoção incontida...
só te deixo o abraço, mas acredita, é tudo o que tenho.
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