Tudo tão certo
Um café quente é a única salvação para o espírito quando esta cidade se veste de chuva. Diz-se que a globalização veio trazer uma hibridação da sociedade, resultante das mais diversas influências económicas, políticas e culturais. Pois eu até nem me importo de ser híbrido, desde que não me hibridem o café... quero-o como sempre: negro, forte, portador de mil segredos dos mais distantes continentes que se fundem com o meu paladar e que adquirem aquela inefabilidade quando tocados pelos segredos da tua boca. Pago o café com uma moeda que deposito neste balcão centenário de madeira e tudo parece tão certo. Até as ruas traiçoeiras e escorregadias ou os pombos encolhidos debaixo dos beirais. Até o desprezo de mil passantes, autocarros e eléctricos. Até a ausência da tua boca.
Imagem: "Les Boulevards", de Jean Beraud
7 murmúrios:
Luis,
Coincidência das coincidências estava a tomar café enquanto lia o teu post...e teve um sabor ainda mais especial :)
Belíssimas palavras...como sempre!
Beijinho e boa semana
a escrita ao nível da imagem...romantica, certa, bela...
Ao ouvir a música, parecia-me ouvir baixinho as gotas a caírem dos beirais...
Café, forte, amargo e muito quente.
Um pleno, como plena é a tua escrita sempre.
Beijinho**
Café...esse aroma :)
Beijo *
Intenso, como é hábito.
"tudo tão certo", como sempre.
"até a ausência da tua boca"....
excelente, Luís.
Beijinho
Não há café como o nosso! O sítio onde o tomamos tem muita importância também!!!
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