Do som da minh'alma (em dó menor)
O vento que me lança a chuva no rosto. Esquinas que escondem vielas, ruas que me mostram caminhos mas não levam a destino algum. A cidade veste-se de fados e boémia e eu bebo um copo e mais outro. Largo as ginginhas e desaperto a gravata. A barba por fazer no rosto dos olhos que te prescrutam o corpo nalguma viela. O teu peito surge em Alfama debaixo da camisa branca e envolto num lenço vermelho. Casa de fados, dos outros e meus. A tua voz arranca-me as lágrimas que não chorei de há dez anos para cá e eu já não oiço o meu pai dizer que prender as lágrimas é manter a alma cativa. A guitarra consome-me a réstea de fôlego das veias e eu grito que Alfama já não sei viver só. Mando a cabeça para trás e uivo o poema que me entregaste no primeiro dia da criação e o teu beijo me soube a um fado azul de oceanos distantes. Nesta noite gaivotas voam desorientadas. Trocam marés pelas vielas da minha alma e eu vou dormir sozinho. Corpo nu acariciado pelas suas asas e só nós sabemos o segredo da idade adulta. Que o coração tem mais penas que uma gaivota.
(imagem: "fado azul", por Márcio Melo)
5 murmúrios:
Gosto de fado e gosto muito deste teu fado: letra e música.
Abraço.
"Que o coração tem mais penas que uma gaivota".
quantas penas tem o meu coração, o teu, o outro e mais o outro?tantas, não é?
gostei muito
Por vezes é impossivel qualificar o que tu escreves...
Beijinho*
Este comentário foi removido pelo autor.
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