A violent yet flammable world*
Há muito que este corpo caminha envolto em fiapos de solidão. E é sozinho que o mergulho na água gelada que jorra das veias pétreas que atravessam o Norte dos meus sentidos. Sozinho que vou emergindo, e sinto-me despertar com o corpo trespassado de frio e água. Sozinho que abro os olhos e vejo-te assim. Apenas tu. Diante de mim. Avançam os dias e os meses e a solidão desfaz-se com os ventos que sopram da Serra. Derrete-se com o calor do teu corpo, junto ao meu, quando te aperto nos meus braços. E embriagado por esta sensação de que te tenho e cuido, com o travo na boca ao sabor cálido do café que tomamos nas manhãs de chuva, abro os dedos. E sem dar conta deixo-a partir. A solidão fez-se música. E perdeu-se no céu entre os últimos acordes do passado.
(fotografia: "Sleeping couple", por Karin Rosenthal)
*apropriando-me do título de uma música de "Au revoir Simone"
1 murmúrios:
Uma foto assombrosa (como são boas SEMPRE as fotos deste blog).
Enviar um comentário
:: INÃCIO :: O Murmúrio das Ondas ::