Para sempre
É madrugada e desligo o computador. Arrumo os documentos de mais um processo e vejo-a ali caída ao pé da restante papelada: a folha que rabisquei a noite inteira. O conteúdo repete-se inúmeras vezes e é um só e contém em si todo um mundo e é o teu nome. Escrito a tinta um sem número de vezes por entre as divagações jurídicas ao longo desta noite. Chamam automatismo a este tipo de comportamentos. Eu chamo-lhe resposta. Ao apelo do teu nome que grita por mim e grita o amor que me consome hoje e sempre desde a primeira vez que unimos os lábios, mesmo depois daquele adeus que entendeste que havia de ser o ponto final na tua assinatura. Porque o teu nome é o passado onde fui feliz. Um marco granítico cravado numa vereda estreita que afirmará para sempre que conheci a bem-aventurança que só conhecem os que se atiram dos penhascos em noites de lua cheia. Nomes como o teu nunca se esquecem porque antes de serem escritos a tinta escrevem-se na carne de quem os ouve. Escrevem-se com o vento quente que rasga a planície. Ou com a chuva nocturna que castiga as pedras das calçadas de Lisboa. São nomes que atravessam a história. E que peramencem na carne onde foram escritos. Para sempre.
(Pintura: "Kiss of the muse", Paul Cezanne)
6 murmúrios:
As tuas palavras... entendo-as!
Gostei muito!
Um beijo
Luís,
Essa sensibilidade...
Essa qualidade dos teus escritos...
Para quando o livro?
Aguardo!
Um beijo
O texto é belo, como todos os teus textos, mas...não sei se estarei completamente de acordo; há um pouco de masoquismo no texto ou serei eu a pensar mal?
Abraço.
Fiquei com os olhos colados na imagem. é tão bela.
Deixou-me tranquila.
Um beijo grande.
Lindo o seu cantinho. Voltarei mais vezes.
Saudações Florestais !
ah Luís... dolorosamente próximo este texto
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