A incontrolável leveza do ser
Não se controlam as marés nem os ventos. A força das ondas, a brancura da espuma ou a intensidade de um abraço. Não se controlam o sonho, a audácia ou a vontade de partir. O impulso de uma gargalhada, o sémen, o grito, o vôo. E é uma perda de tempo enumerar todos os estes fenómenos porque nem o verbo os controla. O próprio verbo é, aliás, incontrolável. E na extravagância e no rasgo da incontrolabilidade crescemos e ousamos. Incontroláveis. E incontroláveis fenecemos.
(fotografia: Syoin Kajii, 2004)
2 murmúrios:
Seria muito monótona a vida, se tudo o que sentíssemos fosse controlável.
É nessa falta de controle que podemos colher o sal da nossa audácia.
Cumprimentos
Luís,
Noto na tua (bela) escrita,uma ponta de desânimo. Que se passa ?
Que se passa neste País em que andamos todos desanimados e infelizes ?
Não se controla, nada do que tu enumeras, e ainda bem,porque não há nada pior que a vontade de controlar.
E perdia-se a surpresa , das coisas boas que nos acontecem inesperadamente.
Ânimo, querido amigo.
Um abraço
Nocturna
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