O meu corpo de Natal
Os estrondo da chegada dos cavalos fez levantar as gaivotas em revoada. Parámos lá em cima, nas rochas, e apeámos. Descemos até à praia pela encosta. O vento beijou-nos mil promessas, o mar, louco, trespassava o areal ao longo da costa e os nossos pés gritaram os mil grãos de areia que os envolveram. Sentámo-nos a vê-las desfazerem-se na mais nívea espuma. Embalaram-me o olhar e eu acabei por adormecer. Vento, espuma, sal, areia. O mar ofereceu-se em corpo. E nus envolvemo-nos: carne, sal, espuma, sangue, água, lábios. Uma nudez própria de quem nasce. De quem renasce. É isso o Natal?
Perguntou o velho que coleccionava conchas.
(imagem: "Study from the human body", Francis Bacon)
2 murmúrios:
Se o velho perguntou, eu, que não sou (ainda) velha, não sei responder.
A sabedoria será dele...
Um beijo, Luís
Leituras destas são prendas de Natal.
Linda a tela de Bacon.
Abraço.
Enviar um comentário
:: INÃCIO :: O Murmúrio das Ondas ::