Fatalizo-me
O mundo escreveu-me uma história no corpo. Uma história que ora explode em mil sóis quando a estendo numa tarde de Verão ora me comprime nos crepúsculos da porta acabada de fechar quando sais do alcance do meu tacto. Uma história que se transforma num entardecer daqueles que arranham a alma mas que também me empurra por caminhos feéricos, história de mil encantos onde os beijos ainda sabem a sal. Escreveu-a e eu leio-a nos meus gestos e sonhos, como se a sua leitura fosse a confirmação de que ela existe e se há-de cumprir até ao último ponto da última frase do último capítulo. E quer eu a sacuda com convulsões a meio de gargalhadas que fazem voar mil pombos ou a cubra com a espuma de ondas choradas nas praias da minha carne a história será sempre lida. Porque se não se cumprir no corpo em que foi gravada já não me reconhecerei nenhuma utilidade.
(Fotografia por G. Montagna)
4 murmúrios:
Como sempre, encontra-se aqui, neste cantinho, uma serena análise da vida em geral e da tua forma muito pessoal de sentir o mundo; as palavras são sempre belas e adequadas...
Um beijo doce.
Abraço Grande
Mesmo ausente deste mundo virtual ( e tão real por vezes) não dispenso a tua leitua. Se um dia publicares avisa,gostaria de ter ter num cantinho da minha casa...
Vou-me repetir eu sei, mas acho fabuloso o que escreves.
bj
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