Sem tinta, com muito azeite e alguns coentros.
Trago o corpo trespassado de ondas. Sentado nesta varanda algures na Costa Azul o aroma dos chocos grelhados grita-me a urgência dos teus beijos, bezuntados de azeite e paixão. Em breve o soalho de madeira naquela casa caiada de branco e azul dos sonhos. Em breve uma cama e algumas palavras a jeito de declaração. Entretanto, a espuma já engoliu os castelos de ontem e Lisboa dispersar-me-á o sal da pele. Seguir-se-ão as malas e a partida. Primeiro a minha e depois a tua. Em breve a fúria do mar e a areia fustigada contra a minha carne, flagelando-me o pecado da solidão. Breves, a tua carne e o teu verbo. Afinal, tudo é breve, nesta varanda. Até o Verão e também eu, incapaz de me purgar da solidão.
(fotografia: Carlos Pereira)
4 murmúrios:
Depois de uma partida há sempre um regresso.
Breve é a vida...
... e eu ficava aqui, a ouvir a música...
Beijinho, Luís
Como eu te entendo, Luís...
Abraços.
Sempre doce...
Beijo salgado.
eternamente uma delicia as tuas palavras: o odor, o paladar, o horizonte... tudo convida a ficar.
mas há quem tenha que partir ...
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