Um tiro (ou a ânsia pelo primeiro dia de aulas)
Ele disparou quando não devia. O primeiro tiro garantia-lhe a auto-defesa, mas o segundo... Requerimentos, diligências, interrogatórios, reuniões e telefonemas. O último antes de ontem: "Vai tudo correr bem, não vai Dr.?" Vai sim, com certeza. Uma segurança aparente saída de um homem que não sou eu. Um homem com a barba aparada. Fato preto, camisa branca, gravata vermelha e botões de punho de ouro branco. Esse homem garante-lhe que vai tudo correr pelo melhor e que o Juíz reconhecerá a existência de perigo para a sua vida na altura dos disparos. Agora tem que ter calma, digo-lhe enquanto desligo o telefone. Com uma certeza e seguranças que não são minhas... que eu não sou esse homem. Eu ainda estou algures naquele olival, a correr entre as árvores sem preocupações. Ansioso pelo começo desse novo mundo que é a escola.
3 murmúrios:
Habituamo-nos ou desiludimo-nos. Mas, espantosamente, nunca deixa de nos surpreender o abismo cavado entre as nossas palavras - tão seguramente expressas - e a dúvida - tão profundamente sentida. Com o correr do tempo, quando um certo cansaço nos inunda e as solicitações crescentes nos abatem (longe de nos motivarem)chega a ser simultaneamente cómico e reconfortante...
Quanto ao blog - belíssimo.
Felicidades!
Este comentário foi removido pelo autor.
A ti perguntam:
- Vai tudo correr bem, não vai Dr?
A mim perguntam-me:
- Eu não vou preos pois não ?
E em desespero acrescentam:
- Eu não queria fazer aquilo.
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