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quarta-feira, janeiro 03, 2007

A minha fuga


Numa noite escura como breu. Talvez em Santa Apolónia. De sobretudo negro corro em direcção à carruagem: estou atrasado. A estação está vazia e apenas se ouvem os motores do comboio. Corro e atrás de mim levantam-se duas asas negras. Imensas. O meu sobretudo negro. Numa noite escura. Num comboio que partirá com destino nenhum. E por isso é o meu. Numa tasca de uma ruela ali perto alguém há-de cantar um fado nunca ouvido. Entre copos que se erguem em brindes e talheres que cavam a comida nos pratos. Será terminado num lamento gemido suavemente. Fado ignorado. Que ninguém mais há-de cantar. O comboio desliza e penetra uma bruma de esquecimento. Nevoeiro e nada mais. Assim será a minha fuga.

19 murmúrios:

Blogger Maria murmurou...

Uma fuga no meio do nevoeiro numa noite como breu... esperando que seja apenas para te encontrares...

Um beijo

1:13 da tarde  
Blogger Luís Galego murmurou...

Num comboio que partirá com destino nenhum

é o tipo de fuga com que sempre sonhei...

1:26 da tarde  
Blogger Flor de Tília murmurou...

Não fujas, tenta reencontrar-te primeiro e talvez concluas que a fuga não era a maneira mais eficaz de resolver os problemas.
Beijinhos

4:58 da tarde  
Blogger Kalinka murmurou...

Luís
venho visitar-te pela 1ª vez numa noite escura, mas...com a pouca luminosidade da lua, em quarto crescente, envolta numa neblina que não a deixa brilhar...

Eu também corro em direcção à Vida, ao Amor, estou atrasada.
A minha Vida está vazia e, apenas se ouvem os passos das outras pessoas que passam...sem me olharem!!!

Adorei as tuas simples palavras.
Muito obrigado.

9:12 da tarde  
Blogger Maria P. murmurou...

Excelente!

Também fugi...
Casa, hoje não...

10:48 da tarde  
Blogger MiaHari murmurou...

Texto lindo, como sempre!
Mas, porquê fugir num comboio sem destino nenhum? O comboio terá certamente destino, talvez o nosso vazio o não encontre, será?

11:58 da tarde  
Blogger Aluada murmurou...

Quem não deseja uma fuga assim pelo esquecimento, neblina "adentro"! :)

12:38 da tarde  
Blogger Maria murmurou...

Quando se foge, é mesmo uma fuga sem destino, mas com a esperança de nos encontrarmos a nós próprios.


Beijo

FF

2:03 da tarde  
Blogger Maria Carvalhosa murmurou...

Fuga poética, bem "à Luís".

Continua com esta deliciosa inspiração ao longo do ano que agora começou!

Votos de felicidades e um beijo.

2:06 da tarde  
Blogger Maria Carvalhosa murmurou...

Fuga poética, bem "à Luís".

Continua com esta deliciosa inspiração ao longo do ano que agora começou!

Votos de felicidades e um beijo.

2:06 da tarde  
Blogger david santos murmurou...

Olá!
Tudo lindo, Luís Rodrigues, parabéns.
Abraços.

7:52 da tarde  
Blogger Arauto da Ria murmurou...

Olá Luis!
A fuga para onde?!!
Espero que repenses, pois senti a tu despedida, espero que seja só pressentimento meu.
Fica e partilha connosco a tua linda poesia.
Não é disparate, pois penso que já te disse, que tudo o que escreves é sempre sublime e poético.
Um abraço

1:07 da manhã  
Blogger Ana Prado murmurou...

Ah meu amigo... parece a fuga de quem sabe ñão haver fuga possível...

um abraço grande.

7:47 da tarde  
Blogger Maria P. murmurou...

Que a fuga te aproxime de um excelente fim de semana!

Beijinho:)

9:41 da tarde  
Blogger Pé de Salsa murmurou...

Olá Luís,

Já aqui vim algumas vezes e não consigo comentar a tua fuga.
Não acredito que te refiras a uma "fuga" de verdade pois os teus textos são únicos e são lindos. Não seria possível passarmos sem eles!
Mas, não sei porquê, esta tua "fuga" deixa-me triste. Talvez por te sentir algo triste também. E...Luís, és tão jovem!

Um abraço e um bom regresso.

10:16 da tarde  
Blogger Poemas e Cotidiano murmurou...

Nossa, que real e bonita sua descricao...
Muitas vezes o "destino" nos atrapalha...e eh tao bom soltar as asas, sem ter onde parar.
Um beijo
Mary

12:09 da manhã  
Blogger Egrégora murmurou...

foge, foge... deixa-te fugir e ir como quem foge. Que mais interessa que a vontade de fuga? tudo fica no mesmo lugar. á espera. que a fuga acabe.

12:46 da manhã  
Blogger Unknown murmurou...

Todos temos o desejo de fugir numa situação ou noutra, mas eu, pelo menos, sempre decidi que era melhor ficar e enfrentar as coisas.

A questão não é para onde foges, mas de que foges?

2:15 da manhã  
Blogger Urban Cat murmurou...

Adoro quando escreves sobre Lisboa…depois de ler consigo fechar os olhos e imaginar-me nos locais, partilhando contigo o que ouves, o que vês e o que sentes. Esta zona que mencionas é-me muito familiar…
Continuo a adorar o teu Blog…consigo encontrar tantos sentimentos aqui…não pares nunca.

Não sei se já te tinha dito mas adoro os teus comentários no meu blog, tens sempre uma palavra para me deixares, obrigado!

Beijos Marta

9:09 da manhã  

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