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sábado, setembro 23, 2006

Fotos do passado II


Não consigo esquecer. Uma história digna daqueles fimes dos anos 50. A preto e branco. Era a preto e branco que eu trajava naquela noite. A primeira noite de gala do cruzeiro. Cansado dos apertos de mão, dos brindes e das apresentações tinha-me ido refugiar no bar. Estava sentado ao balcão, sem sequer me ter dado ao trabalho de vestir algo mais confortável. Bebia. Muito. Depois de várias vodkas, martinis e manhatan's entregava-me agora a um bloody mary. O fumo do cigarro falava-me das presenças do passado. Ausências do presente. Incertezas do futuro. E tu entraste. Reparei logo em ti. A música deixou de se fazer ouvir. O teu caminhar denunciava uma ligeira embriaguez. Sentaste-te. Dois bancos de distância entre nós. Os olhares cruzaram-se demasiadas vezes. Não era uma coincidência. Levantaste-te e vieste sentar-te a meu lado. Sempre a tropeçar. Rendi-me de imediato. O olhar verde. Meigo. Ingénuo e sincero. Conversámos sobre o teu reino e a minha república. A Europa da carne e da cerveja e a Europa do pão e do vinho. Sobre ti. Sobre mim. Sobre o mar do Norte que atravessávamos em direcção à Noruega. A foi a primeira noite. O deambular pelo convés sob o sol da meia-noite que não se põe na Escandinávia. Os impulsos do vento. O ruído das ondas que se atiram, loucas, contra o navio. E o beijo. Os beijos. A paixão que nascia no meio daquele mar violento sob um céu partilhado pela lua e pelo sol. Seguir-se-iam os passeios pelas ruas ensolaradas de Bergen, a Galeria Nacional de Oslo, a descoberta das cascatas de Geiranger. Os "Fjords". Os icebergs. E seguir-se-ia a chegada. A última noite. O leito de Desdémona nos camarins do teatro. A última vez que te vi representar. O último passeio pelo convés. O último chá às 5h da manhã. Acompanho-te ao piso da tua cabine. O último beijo. Não te quero largar. Não afastes o teu corpo do meu. O teu calor. Afastamo-nos. Os olhos brilham com uma emoção que só a custo consigo conter. "Don't do that", murmuras baixinho. Aproximo-me das escadas. Não evito olhar para trás. Tu também não evitaste. Um último abraço apertado. O apartar. Tem que ser. Avançamos. Eu para o meu futuro. E tu para o teu. Levo na mão o papel que só posso ler no dia seguinte. No dia seguinte quando todos se tiverem a despedir entre abraços e promessas de reencontro vou-me afastar. Entrar num restaurante vazio. Ninguém dará pela minha falta. Sentar-me-ei. Tirarei o papel dobrado das calças. A música ambiente do restaurante vai tocar baixinho. E eu vou ler. Uma lágrima vai arriscar. Descerá suavemente. "Então? O que é que estás aí a fazer?” Vou-me levantar a correr e meter o papel, de novo dobrado, no bolso das calças. Há um avião à espera. Tenho que o apanhar.

(Photo by Luís Rodrigues)

14 murmúrios:

Blogger Maria P. murmurou...

As imagens belas, as palavras entram na minha alma e romperam a minha mais secreta fantasia...

beijo (em silêncio)

4:42 da tarde  
Blogger Ana Luar murmurou...

E pk todos temos histórias a preto e branco... algumas belas outras nem tanto... posso dizer-te que sim... é bela a tua História assim como a foto que a acompanha... Parabéns Luis, pelo seu trabalho.

5:34 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

São assim as histórias de amor, aquelas que se perdem e se conquistam, cheias do sentido e dos espaços passados, presentes, que a memória usa para deles não se separar.... são assim :)

Bonito este teu escrever! Um abraço, Luis *

6:36 da tarde  
Blogger Mocho_ao_Luar murmurou...

Muito bom!!! A vida é feita destas pequenas mas belas histórias!;)
Abração! e obrigado pela visita.

10:22 da tarde  
Blogger Pé de Salsa murmurou...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10:42 da tarde  
Blogger Pé de Salsa murmurou...

Olá Luís.

É verdade. Todos nós temos histórias para contar.
Mas acontece que uns só as sentem e outros, como tu, também as sabem contar.

Quer esta, quer a anterior, são maravilhosas e chocantes. Acontecem uma ou duas vezes na vida e marcam uma vida inteira.

Histórias muito bonitas e enternecedoras. As tuas palavras conseguem rebuscar o que muitos pensavam estar esquecido.

As imagens são espectaculares.

Tem um óptimo Domingo.

10:45 da tarde  
Blogger MiaHari murmurou...

Olá Luis,

Se muitas vezes se não sabe bem o que se quer...é bom saber-se, pelo menos, o que se não quer!...

Mas, na maioria das vezes, quando se sabe que se não quer uma coisa, parece querer dizer que tudo o que virá é o que se quer...e, no tudo, também hà muito do que se não quer!
A vida acontece, é pois preciso deixá-la acontecer!

Parabéns por estes dois magníficos textos!

Um abraço.

1:46 da manhã  
Blogger Manuel murmurou...

A tua história de amor fez-me lembrar um filme que num determinado momento da minha vida me tocou: "Love Affair" com Annete Bening e Warren Beatty, de 1994.
Recordar o passado torna-se numa ambivalência sensorial: por um lado é uma actividade que dá prazer, por outro causa sofrimento. Prazer pelos momentos bem passados, pelos momentos que uma vez se desejaram ser intermináveis. Como seria bom voltar o relogio para atrás e pará-lo naqueles instantes...
A dor, por sua vez, é causada pelas (in)decisões tomadas e assumidas...será que foram mesmo assumidas?!? Ou simplesmente não terá havido coragem para desenhar um futuro num papel de contornos incertos...só Deus sabe...
Bem Haja pelo filme partilhado.
PS -...e não tem que ser a preto e branco...
Um abraço.

2:54 da manhã  
Blogger Salto Angel murmurou...

Uma história bonita, esta que contas. De tão bem escrita que está que, à cada palavra, as imagens sucedem-se...

Bom fim-de-semana.

Abraço

10:44 da manhã  
Blogger Unknown murmurou...

Só um texto que segura nos suporta... assim... compacto... neste mundo de pressas.
Também a tua escrita é envolvente.
Obrigado!

daniel sant'iago

1:15 da tarde  
Blogger O Sibarita murmurou...

Olá Luiz! Muito bom o seu texto, qualquer um vivente com certeza se verá dentro dele, é como um filme que todos nos vivênciamos e ou pensamos em vivênciar, parabéns!

Obrigado pelas palavras no nosso blogue, volte sempre! Eu, faça fé, sempre voltarei aqui.

abraços,
O Sibarita

2:21 da tarde  
Blogger lisa murmurou...

Olá luis, resolvi visitar o teu blog.
Gostei muito e este texto muito bonito.

Voltarei.

Beijo daqui das minhas noites de lua cheia.

4:27 da tarde  
Blogger MEU DOCE AMOR murmurou...

As ondas trazem, mas também levam...Bonita hitória!

Beijinho
Doceando

9:52 da tarde  
Blogger K'os murmurou...

uma história, algumas imagens surgiram com ela,
mas
sobretudo sobressaíu a harmonia, o momento, a alegria, o prazer e também a tristeza

são estes pequenos items que dão vida à história e a tudo o que ela rodeia
e ela só existe porque ela é a vida e a vida é assim

:)

9:33 da tarde  

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