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quarta-feira, setembro 20, 2006

Caminhices

Caminho. O relógio diz-me que tenho que lá estar dentro de 10 minutos. Caminho. Cabeça baixa. Passo acelerado. A multidão. O centro de Lisboa. Caminho. Por entre os casacos. Os cheiros. Os cabelos soltos. O Verão entoa o derradeiro canto. Beija-nos de sol com as forças que ainda lhe restam. Doira os ombros e as costas que se atropelam, que se cruzam. Caminho e já nem sei para onde. Tanta gente. Tantos cabelos braços costas pernas pés... E casacos. Porque o Verão já está a deixar de ser. Como será o teu casaco? O relógio. A pressa. Os meus sapatos que tocam a carne da cidade. Enleio-me pela multidão. Os braços que se roçam. Ombros que se empurram. Caminho e levo os braços soltos. Balanço-os na esperança. Puxa-me pelo braço. Impede-me de caminhar. Por favor. Agarra-me o braço. Emerge com a tua mão do meio da multidão e segura-me. Segura-o. Puxa-me. Desloca-me a clavícula com o esforço, se quiseres. Deixa-me o braço dorido. Parte-o. Mas puxa-me. Impede-me. Já não quero caminhar.

14 murmúrios:

Blogger OLHAR VAGABUNDO murmurou...

percebo te bem
abraço vagabundo

7:20 da tarde  
Blogger Pé de Salsa murmurou...

Olá Luís,

Mais um dia rotineiro e uma bela descrição.
Simples, leve e muito real.
Fazes com que nos sintamos lá, a caminhar contigo, nessas tuas caminhices.
Mais um bela prosa poética de que gostei muito.
Tem uma boa noite.

11:37 da tarde  
Blogger Maria P. murmurou...

Esse foi o meu dia, hoje, ontem...e amanhã, e também não tive essa mão que nos puxa...

beijinho de maio

12:03 da manhã  
Blogger Paulo murmurou...

thanks.

1:02 da manhã  
Blogger Urban Cat murmurou...

Como sempre é um prazer passar por aqui.
Beijos e um bom dia para ti ;)

9:36 da manhã  
Anonymous Anónimo murmurou...

Cada dia de uma rotina que que nos emborca para uma sociedade caminhante onde o coração, a alma ou essência, o sentimento desses que caminham não se escuta, sente ou vê... caminham sem parar. Não param. Não vivem esse caminhar....

Desafiante estas tuas palavras :)

Abraço

11:22 da manhã  
Blogger Luís murmurou...

Olá Anfíbio!

Com toda a certeza passarei por lá mais vezes e comentarei.

Sou português sim.

Um abraço

4:44 da tarde  
Blogger Caçadora_de_sonhos murmurou...

Pena é, se encontrares essa mão, ela te puxar naquele instante....mas vais ter sempre necessidade de muitas mais mãos. Abstrai a alma...vais ver que o caminhar é menos penoso e sufocante.

10:03 da tarde  
Blogger MiaHari murmurou...

Muito bonito e descritivo.
Leiam todos, devagar, e será como deambular por lá...

Um abraço.

1:47 da manhã  
Anonymous Anónimo murmurou...

Pois... ser só entre tantos... talvez cada um seja a solidão, mas há a pressa e quem nem pense nisso. Secalhar é melhor.
Infelizmente entendo-te.

Abraço grande

10:45 da manhã  
Blogger MEU DOCE AMOR murmurou...

A cidade grande baralha-me completamente.Não gosto da azáfama.
É necessário tranquilidade.
Para impedir...tem que começar por ti.
Obrigada pela visita.És sempre bem vindo.
O teu blog é muito interessante.Escreves muito bem...como tal,deves argumentar lindamente.

Beijinho :)
Doceando

12:53 da tarde  
Blogger Unknown murmurou...

Não esperes que te segurem. Agarra-te tu e muda o teu caminho. Sai do meio da multidão, ou continua no meio dela, vai no sentido oposto a toda a gente,... Segue o teu caminho e não o do teu relógio.

Gostei do teu espaço, vou passar cá mais vezes. Obrigado pelo teu comentário, aparece por lá.

1:09 da manhã  
Blogger Mocho_ao_Luar murmurou...

Ás vezes a apatia, a dormência apodera-se de nós de tal maneira nesta vida rotineira e fugaz, que só mesmo as palavras, o esforço de alguém para nos ajudar a continuar!

10:27 da tarde  
Blogger Unknown murmurou...

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8:11 da manhã  

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