(Não quero ouvir) o que o meu espelho me disse...
Senta-te. Olha-me nos olhos. Olha-te nos olhos. Sei o que os outros vêem quando te olham. E sei o que eu vejo. Essa gargalhada que faz levantar os pombos em revoada. O que esconde? És forte. Pareces ser. Quem te vê na sala de audiências comenta a tua agressividade, a forma combativa de defenderes o teu cliente. Vê um castelo. Eu também vejo um castelo. De areia. As tuas muralhas desfazem-se com o impacto das ondas. Dissolvem-se. Os outros não vêem. Mas eu vejo. O rosto sereno com que apoias o olhar coberto de lágrimas dos que te procuram. O que está preso. O que se quer divorciar. A que foi despedida. O conselho solicitado com urgência pelo colega aflito. Aquele copo com o amigo que foi deixado pela namorada. O que te leva a querer estar sempre lá? O desejo de ajudar? Não questiono. Mas complemento: o desejo de que ao verem-te a ajudar não percebam o teu grito de ajuda. És grande de dia. Tentas ser. Mas eles não vêem. Não sabem que acordas a meio da noite. Sozinho. E que sozinho choras baixinho. Sentado na cama. Porque te descobres pequeno. Porque precisas daquele abraço apertado que não tens coragem de pedir durante o dia. E ficas sentado. De noite. Sozinho. A chorar. Baixinho... baixinho...
16 murmúrios:
Hummmm...Tens sempre o meu abraço apertado...sempre...e tudo o que o espelho tem para te dizer vais ter que passar a ouvir, porque só podem ser palavras doces e mágicas..conheço-te há cerca de 15 anos, e com este post de cortar os pulsos, como disseste..vais obrigar-me a corta-los contigo.. porque ás vezes parece que tenho que te relembrar... que a tua tristeza é a nossa tristeza... Beijo Grande ó Murmúrio!
Vim até aqui para comentar. Já fui embora e voltei...e voltei a ler, mas não sou capaz de comentar. Nesta noite complicada para mim, ler estas palavras, foi ver-me ao espelho.
Deixo um beijinho.
Quer ouvir, SIM!
Ouvir o murmúrio das ondas, no seu vai-vem...
O murmúrio das ondas, ora revoltas, ora serenas, que crescem para em seguida se espraiarem...
E em repetidos percursos, nos levam até onde não sabemos...
E retornam até nós, para em surdina ou no seu rebentar,nos dizerem que a sua intrínseca beleza se não perdeu pelo caminho...
Quer ouvir, sim... mas o murmúrio das ondas!
Um abraço amigo.
Olá amigo Luís,
Podes confiar nas receitas, são realmente simples e resultam!...
Bom apetite e boa sorte!
Os teus murmúrios continuam a demonstrar a tua sensibilidade!...Não deixes de explorar esse teu outro lado do espelho, mesmo que não passe de palavras escritas, ou simplesmente sentidas!
um abraço,
Nuno Osvaldo
É melhor ouvir antes que seja demasiado tarde e o tempo tenha simplesmente...passado.
Conseguiste trazer, com muita clareza e sensibilidade, um complicado tema relativo a uma profissão que, por isso mesmo, eu jamais escolheria.
Foi mais um importante murmúrio que compartilhaste connosco.
Tem um bom dia e escuta. Escuta tudo!
Pé de Salsa: a minha intenção não foi a de reflectir sobre uma profissão. Foi de observar o meu reflexo... com tudo o que possuo. Incluindo a profissão. Um abraço a todos.
Entendo-te. e como.
Sempre que oiço histórias de espelhos lembro-me sempre da Alice no Pais das Maravilhas…o que estará por detrás do espelho? Será a toca do coelho que nos leva ao outro lado? Onde tudo é perfeitamente (im)perfeito? Será que espelha a realidade, tal qual como ela é? Ou é a realidade que eu construo a partir das minhas vivências, estando o meu olhar contaminado por tudo aquilo que eu, não querendo ver, vejo?
Acho que tinha percebido Luís.
Por isso "o murmúrio que compartilhaste connosco".
Mas olha que os espelhos nem sempre falam verdade. Ou seja, a verdade deles de hoje, pode não ser a de amanhã.
Que beleza de texto!
Acredito que cada um que leu se identificou.
Ha uma parte de nos, que somente enxergamos, uma dualidade.
Muito bonito! Parabens!
Beijos
MARY
PS: Ha tantas coisas que nao queremos ouvir, nao eh mesmo?
O interior da nossa alma... a conversa com esse interior, nada melhor para lavar a alma... garanto-te.
Gostei das tuas palavras sensiveis...
Um abraço ,)
Agaguei o comentário anterior porque estava com o login da minha esposa... desculpa.
Passei aqui para te dizer que gostei muito das palavras simples e verdadeiras que deixaste no meu blog.
Um abraço e bom fds.
entendo-te e percebo-te
o que mais custa é sabermos como nos dirigir-mos, pois a quem sabemos, e pedir ajuda ou de alguma forma mostrar que necessitamos a esse alguém
...
é preciso ultrapassar a barreira, custa mas é necesário saber ultrapassar, senão ela toma conta de ti/mim ou de quem for
...
:)
sublime... as tuas reflexoes sao lindas!
amei :)
intiresno muito, obrigado
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