<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d31896494\x26blogName\x3dO+Murm%C3%BArio+das+Ondas\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://luisgrodrigues.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://luisgrodrigues.blogspot.com/\x26vt\x3d6077318278056400174', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

quinta-feira, novembro 12, 2009

My misfit sunset


Entro no carro e rodo a chave da ignição, à beira de vomitar este grito surdo que me sufoca. Os homens também choram e isso já não me mete medo ou provoca pudor, mas não consigo ter para comigo próprio a obra de misericórdia de concessão de uma lágrima. Não as há. Todo eu sou um imenso nada. Os risos, as camisas engomadas ou os toques de cristal dos copos repletos de vinho são papel berrante que apenas embrulha o vazio que é este ser que me angustia. E já não te culpo, porque é até o tudo que foste se desfez em nada. Que, depois do amor e depois da mágoa e depois da força e depois da melancolia, foi tudo o que ficou. Dir-me-ás que não há uma relação de causalidade adequada, mas isso agora não importa porque nem toda a argumentação e construção de uma tese conseguiria preencher o vazio que são os meus dias. Nem este novo corpo que beijo e abraço e com me deito. Nem os nossos planos para o futuro ou o sol que, cheio de ternura, traça desenhos nas nuvens rosadas paridas pelo entardecer. Consumo-me, no meio de todo o nada, pelo desejo de um tudo. Concreto. Conduzo o carro para fora do parque. Montgomery e Marilyn riem-se, entre um cigarro partilhado. Gritam-me do passado que só matam o vazio aqueles que têm a ventura de desposar a morte.


(Fotografia: "John Huston, Marilyn Monroe, Montgomery Clift e Arthur Miller no cenário de "The Misfits", por Bruce Davidson, 1960)


Air - Bach