Desprendimento
Sem grandes pressas nem preocupações. Apenas uma toalha e uns calções, enquanto passo a mão pelo rosto e sinto a barba áspera, convicto de que ainda não é hoje que a sujeitarei ao aço. Solto. Dou-me ao sol e deixo-o lamber-me o corpo queimando-me cada músculo que lhe exponho. Ardem-me a carne e os sonhos. Estou perdido na história que eu mesmo escrevo e sem o auxílio de uma filologia que me alcance o conhecimento da semântica ou da síntaxe deste enredo que por vezes assume contornos tão absurdos. Sacudo a areia que se colou ao meu rosto e um ligeiro tremor percorre-me o dorso. Dou-me ao sol. Sem saber para onde ir quando a noite chegar.
(Imagem: "The other side of the sun", por Ginny Gaura)
3 murmúrios:
Passei aqui, por acaso...
Acho que terei de voltar porque não há mar a que eu possa resistir pelo murmúrio das ondas...
Gostei muito!
Obrigada.
É tão envolvente o que escreves...
Abraço.
Guarda a luz no bolso, para clareares a noite. Sobretudo a que nos visita com o sol no seu esplendor.
Abraço.
Ah, pela enésima vez... comove... a tua escrita comove.
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