fumo-me
É no fumo que se desvanece que se elevam os meus sonhos. Assim. Banais como a fumaça deste cigarro que agora deixo caído na Rua Castilho. Os meus pensamentos deposito-os num cinzeiro n' "A Brasileira". Venha alguém que os verta num caixote. Alguém que acaricie a beata contorcida, esmagada contra o mármore (sabes que me esmaga a ausência de quem nunca esteve?). Alguém que vagueie nos meus pensamentos de tabaco. Os pensamentos que me envolvem em fumos de uma prognose póstuma. A mim. Que nunca fumei.
15 murmúrios:
Este belo "poema sem rima" poderia talvez chamar-se "Cigarros imaginários"...
..."sabes que me esmaga a ausência de quem nunca esteve?"...
As ausências que nos perseguem, que nos esmagam...
A tua escrita continua a ser uma beleza, Luís....
Beijinho
O deambular do fumo é mesmo inspirador. Eu, que fumo, quantas vezes me dou conta que estou a divagar olhando o fumo a enrolar-se...
O fumo purifica, mas também esfumaça as coisas boas...
Alguém que acaricie a beata contorcida, esmagada contra o mármore (sabes que me esmaga a ausência de quem nunca esteve?).
verbalizar assim os sentimentos não é para todos os mortais...
É bonito o que escreves...como sempre.
Percebo o que escreves e admiro.
Um beijo grande Luís.
É(me) impossivel adjectivar a tua escrita!...
Beijinho*
Permita-me que lhe diga que domina uma arte de escrever invulgar. Parabéns!
Eu, que fumo há tantos anos, identifico-me imenso com este texto. E associo sempre o tabaco a uma solidão colectiva.
fumei em 29 anos pensativos cigarros e em 16 anos os desfumei. de antes, o fumo saía-me pela boca e pelos olhos e exsudava-se pela pele. agora a pele virou fumo e o pensamento pasma e engasga-se na nebulosa mental. aonde essa beata para acariciar contorcida? pois só acaricio a ausência de quem nunca esteve na nudez e na frieza do mármore onde me reclino e durmo.
mais um excelente momento que tão bem nos descreves...
Mesmo com fumo... gosto do texto.
Olá Luís. Preciso do teu email lá no meu blog para te poder dar acesso ao mesmo. Bj. Se quiseres claro!
Fiz algo pela primeira vez: destacar um blog, entre tantos... onde a escrita tem som de sal. Indiquei o teu blog num post... num blog que tenho em conjunto com os meus alunos... como talvez o melhor blog de escrita que conheço.
Sou pequenina... não tenho um nome sonante no mundo da literatura (de que sou prof.ª)... mas algo eu sei: a tua escrita tem pontas de asas feridas, tem gritos engolidos a seco, tem o poder de nos fazer viajar em nós, mesmo quando somos uma terra onde jurámos não voltar... tem... emoções que nos correm, contra a maré, nas veias...
Pode não valer nada a minha opinião... mas... se soubesse que amanhã seria editado um livro teu... correria a comprá-lo, colocaria de lado os vários que leio em simultâneo, abriria a janela de onde avisto o horizonte, para além da igreja da Luz... e ler-te-ia dum trago. Como quem morde os poros para sentir que as memórias não são histórias... mas presentes.
...
Obrigada.
Abraço de vento...
Ni*
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