Manhãs kafkianas
A minha pele está a mudar de tonalidade. A côr dos olhos, do cabelo. Todas as manhãs o espelho confirma esta metamorfose. Os traços começam a adquirir uma fisionomia que me é familiar mas que nunca foi a minha. É cada vez mais notório e assusta-me. As batidas cardíacas perderam o seu ritmo próprio e os pés já não me levam para onde desejo. Já não desejo. Os meus horários já não são os mesmos e os caminhos que percorro são-me estranhos. Quando me deito o cheiro da cama não é o meu. O odor do meu corpo nunca foi este. Sou cada vez menos eu. Há cada vez mais algo de ti. No que fui eu.
(fotografia de Júlio Viena)
9 murmúrios:
qdo 2 se tranformam num... belo momento
a mensagem que o texto pretende passar pode ser um pau de dois bicos, passe o prosaico. Quando nos deixamos integrar ou estamos em grande sintonia ou estamos numa de deixar andar e de perca da nossa autenticidade...espero que o equilibrio impere.
Isso é pura paixão, tão bela como perigosa...mas é bom, não é?
Mas isso é bom.... a fusão de dois seres... um amor....
E o amor não é isso mesmo? Uma simbiose?
Não podemos ser um só, temos de ser sempre dois, assim se mantém o equilibrio.
Digo eu.
Claro que a prosa está magnífica, prende, agarra-nos.
Um beijinho*
Luis,
Estás numa fase linda da vida de qualquer ser que saiba e goste de partilhar.
Tu consegues transportar-me ao tempo de outros tempos, embora este nunca se esgote em qualquer idade para amar.
Gostei do texto, não só pela sua qualidade literária, mas acima de tudo pelo conteúdo.
Um abraço.
to be or not to ...
... às vezes tem que ser!
Belo!
Tu serás sempre tu.
Acredito nessa fusão, no entanto considero que a nossa essência vai estar sempre lá...é isso que torna cada um de nós tão especial.
Beijos e um dia feliz :)
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