Flamenco (considerações a propósito do espectáculo "España Baila Flamenco")
O grito continuado. Eco das planícies andaluzes. E ela dança. Faz seu esse grito. Rodopiam os folhos vermelhos, gira o corpo numa reviravolta estonteante. Os braços prendem o olhar em ondulações constantes, harmoniosas. Um outro grito. Acentuado. E os braços que param. Tira-nos o fôlego. De novo gira sobre si mesma, envolta em folhos e asas de leques. Rosa vermelha que emerge do cabelo negro. Lábios rubros como o sangue que lhe ferve nas veias. Explode num estampido de pateares no soalho de madeira que se mistura com o compasso das castanholas. Bambolea as ancas caminhando pelo nada de que é Senhora. Prisioneiros dos seus folhos, dos seus braços, o nosso o olhar não se desvia. Traças apaixonadas pela luz rubra da sua alma. Pela transparência de uma lágrima que lhe foge. Quando por fim já não dança.
(Pintura: "Flamenco dancer" por Fabian Perez)
7 murmúrios:
A tua forma de escrever é fascinante.
Seja qual for o tema, a hora do dia, eventualmente o teu humor.
Gosto.
Beijo
Tu és fantástico, seja qual for o tema não se consegue fica fora das tuas palavras, senti-me completamente (bem!)arrastada..
Bjos*
Olá Luís,
Essa tua perspicácia e sensibilidade que possuis para "entrares" no interior dos outros, é fantástica.
Surpreendes-nos sempre com a diversidade dos temas e consegues fazer com que nos sintamos bem nesse ambiente que crias.
Gostei muito, mais uma vez.
Beijo para ti.
Os textos, a dança, os tons...vermelhos e quentes.
Simplesmente divinal.
Beijos
Intensa a tua forma de transmitir o que sentes.Consegues fazer-nos estar presente!
Cpts
continuas a escrever lindamente...
abraço vagabundo
O "grito".
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