Ad lucem
Fui jovem e o sorriso era o meu dialecto. A casa era branca e ampla. Algures no sul. Sentava-me no terraço e a vida era felicidade. Um dia vieste e eu não te esperava. As janelas abertas de par em par alegraram-se na sua luz cortada pela tua sombra. Foi breve a tua estadia. Continuei sentado no terraço à espera que voltasses e a vida deixou de ser felicidade. Nunca mais vinhas e eu soube que não valia a pena esperar: doíam-me as janelas abertas e a luz orfã da tua sombra. Fechei as janelas, as portas e os lábios. Corri o mundo na certeza de não te achar e quando o mundo apagou a tua ausência parei. Entrei e atravessei os claustros do meu exílio. Alheio a qualquer sombra que lhes pudesse rasgar a luz.
(fotografia de Eduardo Gageiro: claustros da Cartuxa de Évora)
16 murmúrios:
Uma belìssima foto de "mestre" Gageiro a ilustrar muito bem um texto não menos belo.
Parabéns, Luís.
Se quiseres e disseres onde estás, eu vou-te buscar...
Preciso de ti, aqui!
Um beijo
Simplesmente LINDO!
Luis,
tu consegues dizer tanto em tão lindas poucas palavras e ás vezes apesar de ficar enibriado com tanta beleza, fico aborrecido porque queria mais.
Um abraço e bfs.
Lindíssimo.
É de ficar sem respirar...
Um beijo*
Luis amigo, peligroso cerrar las ventanas del alma cuando el amor se ha ido. Espéralo o búscalo. Llegará a su tiempo. volverá.
Como siempre, tus escrito desnudan el alam.
Un fortísimo abrazo.
Olá Luís,
Lindo e actualizado, como sempre!
Tem um bom fim de semana.
Beijo
Olá, Luis,
Antes do mais, quero agradecer a passagem pelo meu blog, apesar das muitas dificuldades que tenho sentido em voltar ao vosso convívio! Muito obrigado pelas palavras deixadas, que acabam sempre por ser incentivo a continuar.
Quanto este post, só posso dizer que é lindíssimo, muito bem escrito e que, a foto não poderia melhor ilustrar os sentimentos.
Continue a brindar-nos com a clareza das palavras e dos sentires!
Obrigado!
a Florbela escreveu a dor é o convento ideal, não sei se o será mas que a definição é interessante, é. O teu texto prima sempre pela beleza e pela dor simultaneamente....não admitas que te façam mal...respira fundo e vê o que de bom tens ao teu redor.
Um abraço
a Florbela escreveu a dor é o convento ideal, não sei se o será mas que a definição é interessante, é. O teu texto prima sempre pela beleza e pela dor simultaneamente....não admitas que te façam mal...respira fundo e vê o que de bom tens ao teu redor.
Um abraço
Pois é Luís!
Assim que li o teu cometário vieram-me à memória as palavras dela que, tal como a nossa Cartuxa, bebem a magia do Alentejo:
"A minha Dor é um convento, Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Neste triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro.
E ninguém ouve...ninguém vê ..ninguém."
Acho que é um texto dorido, triste... mas belo. Sim. Porque existe beleza na Dor =)
um texto solar que eugénio de andrade, se fosse vivo, não renegaria! Gostei, e muito!
Eu procuro a luz…aquela que me conforta, que me embala. Uma luz que se apagou por agora e que teima em não voltar a acender.
Sem essa luz morro…
Beijos.
Olá, muito bom, gostei... um abraço...
A alma, às vezes, precisa da sobriedade de um claustro para encontrar a paz que tanto busca. Um texto belíssimo. E sentido.
Boa semana!
por favor, se realmente sentes o que escreves, não precisas de comentários.
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