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sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Ad lucem


Fui jovem e o sorriso era o meu dialecto. A casa era branca e ampla. Algures no sul. Sentava-me no terraço e a vida era felicidade. Um dia vieste e eu não te esperava. As janelas abertas de par em par alegraram-se na sua luz cortada pela tua sombra. Foi breve a tua estadia. Continuei sentado no terraço à espera que voltasses e a vida deixou de ser felicidade. Nunca mais vinhas e eu soube que não valia a pena esperar: doíam-me as janelas abertas e a luz orfã da tua sombra. Fechei as janelas, as portas e os lábios. Corri o mundo na certeza de não te achar e quando o mundo apagou a tua ausência parei. Entrei e atravessei os claustros do meu exílio. Alheio a qualquer sombra que lhes pudesse rasgar a luz.


(fotografia de Eduardo Gageiro: claustros da Cartuxa de Évora)

16 murmúrios:

Anonymous Anónimo murmurou...

Uma belìssima foto de "mestre" Gageiro a ilustrar muito bem um texto não menos belo.
Parabéns, Luís.

6:02 da tarde  
Blogger Maria murmurou...

Se quiseres e disseres onde estás, eu vou-te buscar...
Preciso de ti, aqui!
Um beijo

10:46 da tarde  
Blogger P-S murmurou...

Simplesmente LINDO!

1:43 da manhã  
Blogger Arauto da Ria murmurou...

Luis,
tu consegues dizer tanto em tão lindas poucas palavras e ás vezes apesar de ficar enibriado com tanta beleza, fico aborrecido porque queria mais.
Um abraço e bfs.

3:16 da manhã  
Blogger Maria P. murmurou...

Lindíssimo.
É de ficar sem respirar...

Um beijo*

11:50 da manhã  
Blogger caminante murmurou...

Luis amigo, peligroso cerrar las ventanas del alma cuando el amor se ha ido. Espéralo o búscalo. Llegará a su tiempo. volverá.
Como siempre, tus escrito desnudan el alam.
Un fortísimo abrazo.

12:45 da tarde  
Blogger Pé de Salsa murmurou...

Olá Luís,

Lindo e actualizado, como sempre!

Tem um bom fim de semana.

Beijo

5:38 da tarde  
Blogger MiaHari murmurou...

Olá, Luis,

Antes do mais, quero agradecer a passagem pelo meu blog, apesar das muitas dificuldades que tenho sentido em voltar ao vosso convívio! Muito obrigado pelas palavras deixadas, que acabam sempre por ser incentivo a continuar.

Quanto este post, só posso dizer que é lindíssimo, muito bem escrito e que, a foto não poderia melhor ilustrar os sentimentos.
Continue a brindar-nos com a clareza das palavras e dos sentires!
Obrigado!

9:16 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

a Florbela escreveu a dor é o convento ideal, não sei se o será mas que a definição é interessante, é. O teu texto prima sempre pela beleza e pela dor simultaneamente....não admitas que te façam mal...respira fundo e vê o que de bom tens ao teu redor.

Um abraço

11:57 da manhã  
Anonymous Anónimo murmurou...

a Florbela escreveu a dor é o convento ideal, não sei se o será mas que a definição é interessante, é. O teu texto prima sempre pela beleza e pela dor simultaneamente....não admitas que te façam mal...respira fundo e vê o que de bom tens ao teu redor.

Um abraço

11:57 da manhã  
Blogger Luís murmurou...

Pois é Luís!

Assim que li o teu cometário vieram-me à memória as palavras dela que, tal como a nossa Cartuxa, bebem a magia do Alentejo:

"A minha Dor é um convento, Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!
Neste triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro.
E ninguém ouve...ninguém vê ..ninguém."


Acho que é um texto dorido, triste... mas belo. Sim. Porque existe beleza na Dor =)

12:04 da tarde  
Blogger Unknown murmurou...

um texto solar que eugénio de andrade, se fosse vivo, não renegaria! Gostei, e muito!

2:22 da tarde  
Blogger Urban Cat murmurou...

Eu procuro a luz…aquela que me conforta, que me embala. Uma luz que se apagou por agora e que teima em não voltar a acender.
Sem essa luz morro…
Beijos.

9:57 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

Olá, muito bom, gostei... um abraço...

1:30 da manhã  
Blogger Rui Afonso murmurou...

A alma, às vezes, precisa da sobriedade de um claustro para encontrar a paz que tanto busca. Um texto belíssimo. E sentido.

Boa semana!

10:17 da tarde  
Anonymous Anónimo murmurou...

por favor, se realmente sentes o que escreves, não precisas de comentários.

4:16 da tarde  

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