Algures (um fim?)
Não havia tempo a perder. Prosseguiu a sua demanda pela Rua Augusta, subiu ao elevador moldado em ferro florido e saiu no largo do carmo. Ao aproximar-se das ruínas do convento reparou num homem sentado ali perto. Era jovem e tinha a tez morena, com cabelos negro azeitona. Era um jovem diferente. Em vez de vestir as roupas que um jovem da sua idade normalmente vestiria envergava um hábito de grosseiro pano castanho. Por cima dos ombros tinha uma capa branca plena de luz e nos pés um par de sandálias gastas e rotas. O mais estranho elemento de todo o conjunto era aquilo que tinha nas mãos. Um sorriso. O sorriso almejado. Aproximou-se dele e reclamou o que era seu. "Sempre aqui esteve" respondeu. "Há espera que o viesses buscar. Toma. É teu. Devolvo-to com a força das pedras deste convento. As mesmas que assistiram a guerras e à fúria daquele terramoto apocalíptico. As mesmas que erguem orgulhosamente os seus arcos ao céu, mesmo que estes já não suportem um tecto. Para quê um tecto quando se pode suportar o céu? Usa o esse sorriso como pregadeira para segurar a tua capa. Não será uma capa de Carmelita como a que envergo. Será uma capa de sonhos feitos realidade. De dores feitas lições. De gestos feitos vida". Despediram-se num abraço apertado e ele partiu com o sorriso reencontrado. Destinado a tornar-se naquilo que sempre foi.
(Imagem: ruínas do Convento do Carmo)
11 murmúrios:
Querido Luís,
Finalmente o "happy end" para o que eu anteriormente designei "demanda do santo sorriso". Cinco estrelas.
Nota à parte: gostaria que voltasses ao meu blog. Lancei um desafio que me daria um grande prazer se aceitasses.
Um beijo, meu amigo.
Eu sabia. Eu sabia que havias de encontrar o teu sorriso. Algures, numa rua da zona da baixa lisboeta...
Fico tão feliz porti, por voltares a ser quem sempre foste...
Um beijo forte, Luís
Afinal, um sorriso.
Beijinho*
Por vezes nem que seja só pelo desafio, devemos sorrir! Ainda bem que encontraste o teu.E não dês à vida o "direito" de to tirar.
bjs
novamente o sorriso, novamente um belo texto...
Acompanhei, como disse a Maria a santa demanda, afinal o Graal está onde podemos ser o que sempre fomos.
Beijito
De novo... o sorriso encontrado!
Bem-vindo!
Guarda-o bem contigo...é muto importante...
Gostei,
sorri ao ler o teu texto!
Ola Luis. No dia que viste a Marta, eu estava com ela. A tua cara não me foi estranha nessa altura e associei a este teu blog.
Just that.
Fica bem.
Gosto imenso de “ler” Lisboa…de ver reflectida nas tuas palavras a “minha” linda cidade.
Beijos
Mesmo que às vezes seja dificil encontra-las, há sempre razões para sorrir. Ainda bem que voltaste a encontrar o teu sorriso.
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