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quarta-feira, agosto 02, 2006

Registar um óbito

Ao subir a Marquês de Subserra para, em seguida, dobrar a esquina e chegar ao escritório, não consigo deixar de reparar nela. Com um porte digníssimo, quase imperial, mas ao mesmo tempo com uma simplicidade enternecedora. Inexplicável. Desce a rua. Vem vestida de preto. Não é de preto. É de negro: "Preto" não chega para descrever a profundidade da escuridão que enverga. Tem os cabelos arranjados, de um tom de prata ofuscante, banhados pela luz do sol de Agosto. Dos olhos, azuis, sobressai uma tristeza que que me fulmina no preciso momento em que os vejo. "Morreu-lhe alguém" penso. Provavelmente é recente dado o negro em que se banhou da cabeça aos pés. Dada a mágoa que lhe jorra do rosto. Pára junto a mim. "Desculpe, a Conservatória dos Registos Centrais é aqui perto, não é?" "Vai registar um óbito" penso eu. "Ou talvez alterar o estado civil de CASADA para VIÚVA." "É sim, minha Senhora. Desça a Rua até à Rodrigo da Fonseca e depois vire à esquerda. A Conservatória é ao cimo da rua". "Muito obrigada jovem. Um bom dia." Ela vai registar um óbito. Não mo disse. Mas deve ser isso. Eu também já registei óbitos. Dentro de mim. Óbitos de pessoas que de facto morreram. E óbitos de pessoas que me morreram. A estes registo-os na esperança de os voltar a ver. Aos outros também. Se existe a esperança para quê registá-los? O meu outro eu diria: "Que pergunta parva. Parece que não conheces o Código de Registo Civil." E ela vira a esquina. Registar um óbito? Pode ser que não...

1 murmúrios:

Blogger Salto Angel murmurou...

«Eu também já registei óbitos. Dentro de mim. Óbitos de pessoas que de facto morreram. E óbitos de pessoas que me morreram. A estes registo-os na esperança de os voltar a ver. Aos outros também». Estas tuas palavras tocaram-me fundo...

Abraço, e até breve.

10:14 da tarde  

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