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terça-feira, setembro 29, 2009

Último acto

No primeiro acto aguardo-te debaixo da luz do candeeiro. Vejo-te virar as costas e afastares-te na certeza de que voltarás num sorriso daqueles que confirmam que é tudo uma brincadeira. Dobras a esquina e não te voltas. Não há sorriso e a luz do candeeiro esmaga-me contra a calçada.


No segundo acto conduzo à beira de um rio que arrasta de mim qualquer esperança. Dói-me o corpo de saudades e esta noite não encontrarei abrigo no umbral da tua boca. "Only you can make you happy", sussurram as "Au revoir Simone".


No terceiro acto oiço o telefone tocar. Não o atendo. Indiferente. Ou talvez receoso. É a minha vez de dobrar a esquina sem olhar para trás. Desce o pano. Somos crianças e a vida é um faz de conta.

(Imagem: "Excursion into Philosophy", Edward Hopper)

sexta-feira, setembro 18, 2009

Cheers



Os corpos dançam, vertem-se bebidas e conversas e ouve-se o tilintar dos copos. Os olhares prendem-se, os sorrisos cativam. Os anos dançam também e eu beijo outras bocas e ouço outras juras. Mais que a dança dos corpos sinto a vida como uma dança de promessas e projectos. As palavras que me dizes foram de repente cobertas por uma neblina de incredibilidade e quando te procuro à beira-mar não encontro mais que um mar voraz que arrebata rochas e areia e me crava o rosto com dardos de espuma. O amanhã traz-me mais uma festa. Mais brindes e conversas. E perguntarão porque vou só. Tenho 28 anos e a vida nos lábios. Responderei eu.


(imagem: "A summerside smile", Frank F. Manclark)

terça-feira, setembro 15, 2009

Para sempre


É madrugada e desligo o computador. Arrumo os documentos de mais um processo e vejo-a ali caída ao pé da restante papelada: a folha que rabisquei a noite inteira. O conteúdo repete-se inúmeras vezes e é um só e contém em si todo um mundo e é o teu nome. Escrito a tinta um sem número de vezes por entre as divagações jurídicas ao longo desta noite. Chamam automatismo a este tipo de comportamentos. Eu chamo-lhe resposta. Ao apelo do teu nome que grita por mim e grita o amor que me consome hoje e sempre desde a primeira vez que unimos os lábios, mesmo depois daquele adeus que entendeste que havia de ser o ponto final na tua assinatura. Porque o teu nome é o passado onde fui feliz. Um marco granítico cravado numa vereda estreita que afirmará para sempre que conheci a bem-aventurança que só conhecem os que se atiram dos penhascos em noites de lua cheia. Nomes como o teu nunca se esquecem porque antes de serem escritos a tinta escrevem-se na carne de quem os ouve. Escrevem-se com o vento quente que rasga a planície. Ou com a chuva nocturna que castiga as pedras das calçadas de Lisboa. São nomes que atravessam a história. E que peramencem na carne onde foram escritos. Para sempre.


(Pintura: "Kiss of the muse", Paul Cezanne)

segunda-feira, setembro 07, 2009

Das palavras derramadas sobre o teu vestido num restaurante no Estoril


Dou um último gole e pouso o copo. O mar lá em baixo inunda a sala de tons de azul pela amplitude das janelas e o sol marca a sua presença neste dia com uma bênção radiante que veste todos os convivas de luz. Atravesso um deserto de gravatas, vestidos e sorrisos ensaiados até chegar a ti. Noiva feliz neste teu dia sobre a praia. Rapto-te para uma dança e, presa nos meus braços, perguntas-me por amores. E eu falo-te sobre o mar, a luz e as bebidas que repousam nos copos. Falo-te sobre o teu vestido e sobre a música. Falo-te sobre a vida e tudo o que ela grita à nossa volta. Falo-te sobre tudo o que sei e que me faz viver. Não sei falar de amor.



(Fotografia: Marsel Rexhini)

sexta-feira, setembro 04, 2009

Replay



Tenho uma casa a Sul da solidão onde me deito e sou só meu. O chão é de tábuas de papel, escrito pelos passos que o marcaram e desenhado pelos corpos que aí se entregam. É nesse chão onde me deito e amo e sou. Um chão onde quem passa nunca fica. Todas as manhãs toco com a mão o rosto onde grita o azeviche da barba que me rasga a carne. Apanho as garrafas de melancolia e os versos desenhados a sonho que deixaste antes de partires. Os que leio todas as noites entre tragos de passado. E saio.


(fotografia: Stanley Kubrick)

quarta-feira, setembro 02, 2009

Dois (a dois)



Será que vai tudo correr bem? O que vês aqui para ser diferente? Achas mesmo que te fará feliz? Sussurra o medo que se veio deitar a meu lado nesta noite. Adormeço em holocausto. Não quero as certezas de ninguém. Entrego-me, concentrado apenas em fazer-te feliz. Não quero pedir. Dou-me. Não recairá sobre mim mais nenhuma responsabilidade. Que não seja a de me ter dado todo a todo o momento.


(fotografia: Jeff Burton)


Air - Bach