domingo, novembro 25, 2007
Eram o frio, os vôos rasantes das gaivotas e os estrondos das ondas. Eram a areia que me feria o rosto catapultada por espasmos de vento e o velho cachecol que há muito desisti de te devolver. Era um passado que não volta, um futuro que me assusta e eu. A sós num presente de mar.
(Imagem: "Twilight waves", Ignat Ignatov)
quarta-feira, novembro 21, 2007
terça-feira, novembro 13, 2007
Podem ser saudades...
Mais uma vez te levantas e sais de casa. Tão pequeno e com tantos sonhos dentro de ti. Os ventos de um Inverno que se aproxima teimam em lamber-te de saudades e o teu coração segura com todas as forças o aroma daquela pele beijada numa noite tão fria há cem invernos atrás. Sabes que a cal branca riscada a azul abandonou as casas e que as ondas teimam em não te agarrar com os seus dedos de espuma. Sabes que não mais amarás ao som dos sinos dos campanários perdidos na lezíria. Porque é errado amar quando eles dobram a finados.
(Imagem: "The Old Church Tower at Nuenen", Van Ghogh)
quinta-feira, novembro 08, 2007
fumo-me
É no fumo que se desvanece que se elevam os meus sonhos. Assim. Banais como a fumaça deste cigarro que agora deixo caído na Rua Castilho. Os meus pensamentos deposito-os num cinzeiro n' "A Brasileira". Venha alguém que os verta num caixote. Alguém que acaricie a beata contorcida, esmagada contra o mármore (sabes que me esmaga a ausência de quem nunca esteve?). Alguém que vagueie nos meus pensamentos de tabaco. Os pensamentos que me envolvem em fumos de uma prognose póstuma. A mim. Que nunca fumei.