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sexta-feira, setembro 28, 2007

entardecer-me

Encostei o corpo matizado de agosto à parede branca e deixei-me ficar. Tinha uma caneta na mão e um bloco. Aquele que tem na capa um cartaz do "Fado e cigarros" que comprei naquela livrariazinha no Chiado, lembras-te? Lisboa tão longe... Com a caneta tentei escrever a alguém que se interessasse como passava os meus dias, como me encontrava. Lá em baixo o mar fazia-se estrondo e as gaivotas gritavam loucuras... cada segundo mais próximo do crepúsculo revelava um universo que explodia em carmim. Escrevi a paciência, a serenidade, a aventura e, por vezes a solidão. Depois escrevi a fúria dos ventos que empurrava as falésias e do mar que arrebatava rochas e areias. Escrevi a costa selvagem, enfurecida, dominada. E o entardecer escreveu-me homem. Escreveu-me o calor na pele e o aroma de sal no cabelo. Antes de adormecermos ambos na primeira noite do início do mundo.

domingo, setembro 23, 2007

Um Setembro qualquer


Amanhã vou vestir um fato mais quente, que o tempo já não é de Verão. Vou agarrar numa pasta com dois códigos e um processo, para depois conduzir até ao tribunal. Estacionarei o carro e sairei apressado. Talvez corra um bocado até ao café mais próximo para beber uma bica quente antes da audiência. Talvez chova e talvez o Juiz leve em conta alguma atenuante que possamos invocar. Vou sair cansado e com vontade de almoçar. Talvez suba até ao "Linha de Água" e almoce em frente ao pequeno lago onde os patos chapinham e se sacodem. Talvez desça até ao Terreiro do Paço e almoce em frente ao Tejo. A tarde será de reuniões maçadoras e cansativas. Talvez alguma seja cancelada. Talvez opte por jantar em Lisboa, em vez de optar por vir comer a casa. Não sei: depende do entardecer. Se o céu estiver esplendoroso talvez jante mesmo por lá numa mesa ao canto de um restaurante escolhido ao calhas. Talvez uma voz amiga se faça presença no meu jantar. E talvez a vida aconteça no meio de todas estas incertezas.



(imagem: "Dining alone", de Joseph Larusso)

terça-feira, setembro 18, 2007

E se numa oração?


Foi há aproximadamente um mês no tempo dos homens. Entretanto regressei a Lisboa, carregado de malas, papéis, apontamentos e fotografias. A pele não vinha queimada porque o corpo não se estendeu em nenhuma praia e não havia olheiras de noites dançáveis por madrugadas fora desenhadas no rosto. Havia sim uma alma abrasada por um ardor que a consumia. Uma alma depositada numa aldeia perdida no interior remoto de Espanha. E eu trouxe-a de volta. Limpei-lhe o pó das estradas perdidas de Castela. Chorámos Goya, Picasso, Velásquez, Dalí e Miró. Vestia-a com um manto castanho e cobria-a com uma capa branca tecida de farrapos de nuvens. Diziam que a partir desse dia jamais alguém conseguiria tocá-la. Juntámo-nos perto da fronteira e vimo-la erguer-se no ar. Todos choraram a partida rezando certezas de que não regressaria. Talvez os ventos a abandonem num ermo remoto de Portugal, gemeu uma voz dissonante. E nenhum deles sabia que eu teria a ousadia de a roubar dos céus para a trazer comigo.
(Imagem: "Visão de uma pomba por Santa Teresa de Ávila", Rubens)

Air - Bach